A
entrada da mulher no esporte competitivo é muito recente, só em 1972 as
mulheres começaram a ter efetiva participação olímpica. Diferentes discursos
justificavam o seu afastamento do esporte, como: corpo masculinizado e ausência
de condição fisiológica para tal. No entanto, hoje a história é bem diferente,
pois apesar das melhores performances ainda serem masculinas, as mulheres
conquistam marcas cada vez mais próximas dos homens.
Ainda existem preocupações e barreiras antigas que amedrontam muitas mulheres,
por isso hoje faremos uma discussão sobre mitos e verdades das mulheres no esporte,
de forma bem simplificada.
Verdades
A prática regular de exercício enriquece a saúde geral, com melhora cardiorrespiratória, musculoesquelética, diminuição do tecido adiposo (gordura), diminuição da depressão e melhora do humor, mas para isso é necessário a “dose” certa, pois a quantidade e a intensidade inadequada podem promover efeitos indesejados.
Alguns cuidados devem ser observados, por exemplo: o excesso do volume de treino está ligado diretamente ao atraso da menarca (primeira menstruação) em meninas; já em mulheres adultas a amenorreia/olimenorréia (grandes espaçamentos entre as menstruações) também é comum e por vezes é necessário diminuir o volume ou cessar o treino para engravidar, para que a menstruação regularize, pois acredita-se que esse fenômeno esteja ligado a alteração hormonal (menor estímulo hipotalâmico para liberação de estrogênio, FSH, LH e progesterona) e aumento das catecolaminas devido ao estresse psicológico.
A amenorreia é um dos fatores presentes na tríade da mulher atleta, que são:
amenorreia, osteoporose e distúrbio alimentar. Por isso deve haver um grupo
multidisciplinar formado por professores de Educação física, nutricionistas,
psicólogos, fisioterapeutas, médicos, e todos os que possam contribuir de forma
positiva na vida da atleta.
Apesar de muitas mulheres obterem marcas mundiais e olímpicas difíceis de serem
alcançadas por homens “normais”, ainda não existem evidências que as mulheres
possam ganhar os homens nas modalidades que exigem força/potência.
Já os exercícios que necessitam flexibilidade, as mulheres se sobressaem,
principalmente durante a infância e o período de gestação (tópico do próximo
post).
Mitos
A menstruação e a TPM são fatores que geralmente dificultam a prescrição e a continuidade do trabalho, mas parece que esse não é um grande problema, pois mulheres que apresentam dismenorreia (dor durante a menstruação) podem usar remédios anti-prostaglandinas (ácido graxo que gera dor) para aliviar a dor.
Muitos recordes Olímpicos foram batidos durante período menstrual, segundo mostra um estudo que avaliou atletas durante uma olimpíada, aproximadamente 60%.
Parece ser um mito que o exercício gera má formação ao feto durante a gestação
em seres humanos, visto que esse experimento só foi realizado em ratos e muitas
mulheres atletas mantiveram suas rotinas de treino até o último dia de
gestação.
Diego Viana Gomes é professor de Educação
Física da UFRJ, doutorando em medicina, mestre em Bioquímica do Exercício,
Colunista desta página e fundador da Equipe Pena de Atletismo, Patrocinada pela
Roncato Brasil